top of page

MAGAZINE

O Natal, as crianças e o trabalho dos voluntários da Berlinda

VisitasCriancas3_.jpg

23/12/2018

Fotos: © Berlinda

O Natal aproxima-se e a Berlinda aproveita a ocasião para lembrar as crianças, eternas admiradoras desta época. Através do programa de voluntariado da Berlinda, que organiza visitas a crianças hospitalizadas na região de Berlim e Brandemburgo em parceria com o Friedensdorf, procuramos fazer-lhes companhia e mostrar-lhes que não estão sozinhas, mesmo num país desconhecido e tão longe de casa.

 

Os voluntários da Berlinda empenham-se não só em incutir a esperança num futuro melhor a estas crianças, mas também em dar-lhes a alegria de se exprimirem na sua língua materna, o português. As visitas são uma forma de ajudar a esbater as saudades de casa e das suas famílias. Mariana Bröckelmann, coordenadora do programa de voluntariado da Berlinda, explica de que forma os voluntários procuram contribuir: “falando português com elas, confortando-as e acompanhando-as psicologicamente, porque essas crianças estão aqui sozinhas e sem família, e não falam alemão. Quando estão em idade escolar, e como não podem ir à escola, apoiamos com aulas de matemática, de português e com trabalhos manuais. Todo o trabalho é voluntário. Temos trinta voluntários na região de Berlim e de Brandemburgo e são eles que acompanham estas crianças”, refere.

 

Durante a época natalícia os voluntários costumam também falar sobre o tema, ler histórias relativas a esta época festiva de luzes e enfeites, e fazem também uma troca de presentes com as crianças. Mas estas visitas não são feitas apenas de vez em quando. Os voluntários vão visitar as crianças frequentemente ao longo de todo o ano, o que permite criar relações duradouras com elas e dar-lhes uma maior sensação de estabilidade.

 

Depois de cada visita, os voluntários fazem relatos desses momentos que passaram com as crianças. São momentos de troca de experiências, alguns mais positivos e outros mais negativos. Há crianças mais comunicativas, outras menos. Algumas têm que passar por tratamentos duros, por tempo mais ou menos prolongado. Mas, no final, os voluntários são unânimes: as crianças fazem este trabalho valer realmente a pena.

 

 

Alegria contagiante

 

“Encontrámos a criança no quarto, deitada na cama. No primeiro minuto estava um pouco tímida (passou um tempinho desde a nossa última visita...), mas quando ela nos reconheceu, disse: Ah, a avó! E um sorriso apareceu em seu rosto”, conta Uwe Jaenicke.

 

Alguns voluntários da Berlinda poderiam considerar-se quase “veteranos”, já que acompanham estas crianças praticamente desde o início do projecto. É o caso de Uwe Jaenicke e Doris, voluntários desde 2012. “Continuamos a apreciar a grande contribuição que a Inês deu a esta iniciativa e, claro, o empenho actual da Marie e de tantos outros voluntários”. Trazem a mais-valia de falar ambas as línguas: alemão e português. O casal vive em Berlim e é incansável no seu apoio e empenho ao longo dos anos. “Nos anos 80, Doris e eu trabalhamos para a RDA em Luanda, Angola. Desde então temos muita simpatia pela gente dos países lusófonos”. Quando estão com as crianças, nota-se que essa simpatia é recíproca.  

 

Tâmera Vinhas, originária do Rio de Janeiro, é outro grande exemplo de envolvimento e dedicação. Colabora com a Berlinda desde 2015 e explica as suas razões “Visitar as crianças é um momento muito especial. É sempre um aprendizado. Todas elas nos mostram o quanto são fortes, lindas por dentro e por fora. Eu sempre fico feliz em poder fazer parte do grupo dos voluntários e poder receber muito carinho delas. É uma troca de muito afeto”. Tâmera lembra o dia em que foi visitar pela primeira vez uma das crianças hospitalizadas “Muito animada, super independente e esperta. Estava no corredor quando cheguei e a chamei. Logo ela já virou a cabecinha e disse em alemão: Você vem me visitar?”.

 

Durante as visitas, as crianças costumam gostar de ler livros, contar histórias, desenhar, fazer jogos, entre outras coisas. Mas há dias em que as actividades podem ser são tão simples como cortar o cabelo. Miguel Vieira, originário de Lisboa e voluntário em 2017, lembra uma dessas visitas: “Disse-lhe que tinha trazido a máquina de cortar o cabelo, e a criança expressou um sorriso contagiante”. O resultado não podia ter sido melhor, pois, como refere, “ficou radiante com o novo penteado e não se cansava de se ver ao espelho”.

 

Crianças são crianças e, como tal, apreciam sempre ter alguém com quem brincar, falar e estar. As visitas são muitas vezes o ponto alto do seu dia e isso nota-se no entusiasmo com que recebem os voluntários da Berlinda. Numa palavra, eles trazem-lhes alegria.

 

“Quando cheguei fui recebida com um abraço e ele logo desligou a televisão. Está ainda com a tosse, mas parece estar melhorando”,  Assim descreve Bianca Fontanezi uma das muitas visitas que já fez. Originária de São Paulo, Bianca é voluntária desde 2017. O facto de os voluntários fazerem visitas frequentes é essencial para construir esta relação de proximidade com as crianças, tornando a interação mais fácil e mais familiar. “Logo fui embora e ele me deu um abraço bem apertado e me disse: até sábado, hein! A visita foi bem tranquila e cheia de risadas!”, arremata Bianca.

 

 

Um dos pilares da Berlinda

 

“Quando abre o seu sorriso, os corações dos voluntários iluminam-se com o exemplo de paciência e coragem dado por esta criança afastada por tanto tempo dos pais e da família”, assim descrevia Ines Thomas Almeida, fundadora e anterior directora da Berlinda, uma das crianças acompanhadas em 2013. Esta é uma das razões pelas quais este projecto tem continuado ao longo destes anos. O programa de visitas às crianças hospitalizadas é, aliás, um dos pilares da nossa associação.

 

Por isso, a Berlinda quer agradecer uma vez mais a todos os voluntários envolvidos neste projecto. A todos os sócios, apoiantes e amigos que contribuem financeiramente e permitem que este trabalho continue, o nosso muito obrigado.  

bottom of page