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Quartabê - a banda brasileira está pela primeira vez em tour pela Europa e passa por Berlim
Foto © José de Holanda
“A Quartabê é uma turma um pouco indisciplinada que está aprendendo a lição n.o 1 do Prof. Moacir Santos.”
Formado em 2014 a convite do “Festival Moacir Santos” (Rio de Janeiro), Quartabê tornou-se em pouco tempo numa referência na nova música experimental brasileira.
Quartabê surgiu a partir da banda “Claras e Crocodilos”, a mais nova leitura da obra de 1980 de Arrigo Barnabé, elogiado pela crítica e pelo público nos seus shows no Brasil e no exterior. Arrigo Barnabé é um dos principais artistas da vanguarda Paulista, movimento cultural brasileiro que aconteceu entre os anos 79 e 85, com uma música altamente inovadora e independente.
A banda visita sonoridades tão diferentes como o free jazz, o afrobeat, o eletrônico ou o choro. O seu álbum de estreia, “Lição #1: Moacir” (2015), foi saudado pela crítica, tornando Quartabê uma das promessas da nova geração de artistas brasileiros. Composta por quatro músicos de backgrounds diferentes - Joana Queiroz (sax tenor, clarinete e clarone), Maria Beraldo (clarinete e clarone) e Mariá Portugal (bateria e MPC) e uniram-se ao Chicão (pianista e tecladista) - a banda está desde Setembro a fazer a sua primeira tour pela Europa. Espanha, Portugal, Áustria, França e Alemanha serão as paragens de Quartabê, que estará em Berlim para dois concertos no início de Novembro, a saber:
6 de novembro - a-Trane, 22:30h
7 de novembro - Barkett, 20.00Uhr
Por ocasião dos concertos da banda em Berlim, a Berlinda teve a oportunidade de fazer uma rápida entrevista à banda, que desvendou um pouco desta sua primeira experiência na Europa.
Quartabê mistura diferentes sonoridades que vão do free jazz ao afrobeat, ou do eletrônico ao choro. Onde vão buscar a inspiração para a vossa música? Podem nomear alguns dos vossos artistas de eleição?
Acredito que o Brasil hoje em dia é um dos países mais efervescentes e inquietantes , em todos os sentidos. A Quartabê é baseada principalmente em São Paulo, cidade já marcada por ser cosmopolita e receber migrantes de diferentes partes do país e do mundo, o que lhe confere uma pluralidade única. Além disso, nós quatro trazemos bagagens bem diferentes e isso contribui para que a banda tenha o som singular que tem. Seria difícil elencar alguns artistas em detrimento de outros. Estamos sempre ouvindo coisas novas, tanto o que está sendo produzido no Brasil quanto fora. Ouvimos música instrumental, canção, música pop, música tradicional brasileira latino-americana, hip hop, techno, música sinfônica, experimental. Ouvimos de tudo. Mais Recentemente o que mais toca no nosso toca-discos é Louis Cole, Clube da Esquina, Rihanna e LCD Soundsystem.
Iniciaram a vossa primeira turnê europeia em Setembro deste ano. Como está a ser a experiência?
Maravilhosa. Já sabíamos que nossa primeira turnê aqui seria marcante, mas ficamos surpresas com a receptividade do público. Quase todos os shows estavam lotados de gente curiosa e atenta, que estava com certeza nos ouvindo pela primeira vez, mas que estavam lá com muito interesse e depois vinham nos perguntar coisas, conversar, trocar. Além disso, tivemos a oportunidade de tocar em teatros maravilhosos, como a Sala Suggia da Casa da Música do Porto (Portugal), abrindo para Diane Reeves.
O que podemos esperar dos concertos de dia 6 e 7 de Novembro em Berlim?
Muita irreverência, humor e uma pitada de loucura. Ou seja: diversão garantida.
Rita Guerreiro
Licenciada em Audiovisual e Multimedia pela ESCS – Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa), chegou a Berlim em 2010. Depois de ter participado em vários projectos de voluntariado e iniciado o Shortcutz Berlim, juntou-se à nova equipa Berlinda em 2016 e desde então contribui com vários artigos e entrevistas para o magazine.