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Curtas lusófonas - impressões I Berlinale

Foto: "Alma Bandida", Marco Antônio Pereira © Rafael Iago De Moura Evangelista

São cinco as curtas lusófonas em competição pelo Urso de Ouro, entre elas, “Onde o Verão Vai  (episódios da juventude)”, de David Pinheiro Vicente, “Alma Bandida”, Marco Antônio Pereira ou "Russa", que a Berlinda teve oportunidade de ver durante a 68. Berlinale.

 

“Onde o Verão Vai  (Episódios da Juventude)”, de David Pinheiro Vicente, desenrola-se em quatro capítulos onde as personagens vão descobrindo o ambiente que as envolve - e elas próprias. Na sessão de perguntas e respostas após o filme, o realizador explicou como foi buscar inspiração para “re-escrever o início da História da Humanidade” a partir dos poemas de Emily dickinson sobre a Biblia. “Nos seus poemas, há uma referência aos rapazes perdidos, que achei que tinha relação com maneira como eu cresci, a relação com a natureza e o começo da descoberta da própria sexualidade”, disse David Pinheiro Vicente. Uma inspiração que o realizador  trabalhou juntamente com a directora de fotografia, Joana Silva Fernandes: “A inspiração veio naturalmente, a partir de algumas imagens de pinturas e fotografia que tínhamos em mente”, acrescentou.  Questionado sobre a fluidez narrativa e a existência ou não de um guião, David Pinheiro Vicente explicou “Tínhamos um guião com a maioria das acções escritas, como um princípio. Mas eu dei liberdade aos actores e a forma como eles se relacionam entre eles e com o espaço foi bastante livre. Foi um processo muito colaborativo”.

 

“Como eu moro numa cidade bem no interior, eu faço sozinho praticamente tudo: roteiro, filmagem, montagem, assessoria de imprensa e até os cartazes”, assim começou por explicar o realizador de “Alma Bandida”, Marco Antônio Pereira. A curta desenrola-se numa pequena cidade brasileira perto da selva, e é um retrato da vida num meio rural, resultado de um projecto social: “Esse tipo de cinema que faço é muito intimista e eu tenho uma relação próxima com essas crianças porque trabalho com elas num projecto social na minha cidade”, explicou Marco Antônio Pereira.

Já o título, “Alma Bandida”, tem um significado duplo segundo o realizador: “O filme fala de paixões, que podem nos trair a nós mesmos, porque às vezes o coração gosta de algo que não nos faz bem ou nos faz sofrer”.

 

“Russa", de João Salaviza e Ricardo Alves Jr., trata a história de Helena, que volta ao Bairro do Aleixo (Porto) depois de sair da prisão, para o encontrar completamente modificado. “1974 foi a data em que os moradores foram para lá, após a Revolução dos Cravos. Antes disso, Helena (Russa) já tinha sido forçada a mudar-se da Ribeira para o Bairro do Aleixo”, explicou Ricardo Alves Jr. “Estivemos dois meses a falar com os moradores. Uma coisa em comum entre eles era o sentido de comunidade, que rachou quando as torres foram abaixo. Eles sofreram um trauma colectivo”, acrescentou o realizador.

As personagens Helena e Antonieta (sua irmã) são, assim, a voz da comunidade de vizinhos do Bairro do Aleixo, uma narrativa que mistura realidade com ficção: “Alguns elementos da história de Helena estão presentes, mas também elementos de ficção que nós construímos para o filme”, concluiu Ricardo Alves Jr.  

 

  

 
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Rita Guerreiro

Licenciada em Audiovisual e Multimedia pela ESCS – Escola Superior de Comunicação Social (Lisboa), chegou a Berlim em 2010. Depois de ter participado em vários projectos de voluntariado e iniciado o Shortcutz Berlim, juntou-se à nova equipa Berlinda em 2016 e desde então contribui com vários artigos e entrevistas para o magazine. 

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